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MB Review: Coyote, de Sei Awata

 


Eu particularmente adoro quando alguma editora anuncia um mangá que eu não fazia ideia da existência, ainda mais quando a obra é uma série curta ou um volume único. Foi o caso de “Coyote”, anunciado durante o evento Henshin + em novembro de 2019. Assim que eu vi a capa, achei interessante e, literalmente julgando por ela, me pareceu o tipo de obra que curto ler. Fiquei ainda mais curioso quando Marcelo Del Greco disse que o mangá tinha uma pegada meio Cowboy Bebop, mas falaremos sobre essa afirmação no decorrer do texto. O tempo passou e, em fevereiro de 2021, a edição brasileira finalmente foi publicada.


Coyote, de Sei Awata, é um mangá de volume único que contém cinco histórias curtas, inclusive o próprio título da edição vem de uma delas. As histórias são: ≠Kids, Lenny Worker, Lenny Worker (Alternativo), Coyote e Eu sou um Demônio. Elas foram publicadas na revista HERO’S, da editora Shogakukan, entre 2012 e 2013, e compiladas em um tankobon em 2014. Como o próprio nome da revista sugere, as séries que são publicadas nela possuem temáticas voltadas ao heroísmo, o que acontece também em Coyote. Todos os contos do volume possuem heróis (sejam eles naqueles moldes clássicos ou não).


As histórias, de um modo geral, são divertidas, cada uma com seus próprios personagens e ambientadas em um próprio mundo. A história mais fraca da antologia é a primeira,  ≠Kids, que retrata uma família de heróis onde apenas a irmã não possui nenhum poder e é desprezada por causa disso. A trama gira em torno dos irmãos e da relação entre eles. Os personagens são desinteressantes e tudo ocorre de maneira muito apressada. Sei que se trata de uma história curta, mas até mesmo para tal, o desenvolvimento é forçado e desinteressante. 



Já os contos Lenny Worker e Lenny Worker (Alternativo) são muito divertidos e gostosos de se ler. Eles falam sobre Lenny, um robô autônomo (cujo design é muito legal) que passa a agir conforme seus próprios ideais e cria laços com uma garota. A participação de um herói chamado Angel (o design dele também é legal demais) é muito importante. Essas duas histórias contam com os mesmos personagens centrais e, apesar das tramas com princípios parecidos, têm desdobramentos diferentes, mas ambas tratam de confiança, amizade e preconceitos. As cenas de ação são muito boas, com alguns painéis bem dramáticos e com sequências de quadros bastante cinematográficas. O ponto negativo é que, ao menos para mim, foi difícil entender o que estava acontecendo em alguns quadros, a arte do autor acabou me deixando confuso em alguns momentos, sobretudo nas batalhas. Num âmbito geral, foram as minhas histórias favoritas dessa coletânea.



A próxima história da coletânea é Coyote, que dá o nome ao mangá e tem como personagens Alícia, uma prostituta que sonha em abandonar a vida que leva para virar confeiteira, e o assassino Ed, que é a peça chave para que a moça possa mudar de vida. Pode ser que venha daí a tal “semelhança” com Cowboy Bebop, já que esse conto é o menos fantasioso, e Ed é um sujeito estiloso que curte um cigarrinho, usa um terno e atira em homens que também usam terno, mas tirando isso (e a capa que realmente tem alguns aspectos semelhantes, como o cachorrinho), não vi absolutamente nada que remetesse ao aclamado anime de Shinichiro Watanabe. É uma história bem interessante e minha segunda favorita neste encadernado. Teve um pequeno detalhe que me incomodou no final, mas não posso dizer, pois poderia ser considerado spoiler, mesmo sendo uma trama de poucas páginas. 


O autor consegue utilizar bem a narrativa gráfica.

Por último, temos Eu sou um Demônio, que conta a história de um demônio conhecido como General Croot que, depois de muito tempo, volta à terra com a aparência semelhante à de um lagarto (?) para se vingar do herói que o subjugou muito tempo atrás. Acontece que o tempo é implacável e o herói chamado Fox Sander já não é o mesmo que ele conheceu no passado. É uma trama leve e mais voltada para a comédia, e o início dela me chegou a lembrar um pouco o mangá “Lúcifer e o Martelo”, também publicado no Brasil pela Editora JBC. Mesmo tendo forte presença de elementos de comédia, esse conto me fez pensar em como a nossa vida passa rápido. Eu sinceramente gostei e gostaria de ver essa história sendo mais desenvolvida.



Coyote saiu no formato 13,2 x 20 cm, possui 232 páginas com um papel que me pareceu o offwhite (não tenho certeza) e custa R$32,90. É um bom mangá de volume único, mesmo com seus problemas como a primeira história fraca, a proporção dos corpos dos personagens, principalmente em relação à cabeça, e alguns quadros que parecem que não foram finalizados pelo autor e carecem de detalhes. Já a edição física não é ruim, mas sinceramente acho que não vale os quase 33 reais cobrados. Certas páginas possuem uma pequena transparência, nada que chegue a atrapalhar a leitura, mas a transparência existe. Se você deseja ler Coyote pelo fato de ser “semelhante” à Cowboy Bebop, recomendo que reconsidere a compra, pois as semelhanças são ínfimas. Mas se você procura apenas um volume único divertido e leve de se ler, o mangá pode atender suas expectativas. Eu me diverti lendo. Caso tenha se interessado, minha recomendação é que compre o mangá, mas aguarde por um desconto, mesmo que pequeno. Entre 0 e 10, eu dou uma nota 7 para Coyote.


Agradecemos à loja parceira Geek Point, que nos cedeu esse exemplar para resenha!


Espero que tenham gostado da review, nos vemos em breve!

 



Hugo

Hugo

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