Houve uma época, lá no final da década de 80 e início da de 90 em que os "Bad Cops" eram o supra sumo das obras para dar aquela distraída. O policial mal encarado, que sentava porrada em quem estivesse pela frente, com seu jeito malandro e que quebrava o "seguir sempre a lei".
E é aqui que Boyle Samejima está e não se encaixa. O mundo mudou, tem mais gentileza, e a truculência que ele sempre empregava, já não funciona mais no Japão moderno.
Mas pode funcionar em uma ilha afastada, a última fronteira de proteção contra os perigos dos mares!
E é com esse plot maluco que Tamura Ryuuhei retorna as páginas da Weekly Shonen Jump. Emplacando sua terceira série na revista, Tamura fez muito sucesso com o excelente Beelzebub e criou uma bomba com Harapeko no Marie. Com mais uma chance na Jump, o autor resolveu voltar às suas origens e criar um GAG Battle Shonen, ou seja, se prepare para rir de absurdos, ao mesmo tempo em que batalhas vão acontecer a todo momento.
Tamura trabalha muito bem o absurdo e já no primeiro capítulo nos apresenta quem seria o parceiro de Samejima, nada mais nada menos que Orpheus, um homem golfinho. Além dele, somos apresentados a Chako, uma garotinha que no passado teve um culto em sua volta por motivos que aos poucos vão sendo apresentados no mangá.
Shakunetsu tem um ritmo totalmente descompromissado. Ele não foca na história e cria rápidos desvios para o humor, criando o padrão das séries do Tamura. Beelzebub tinha esse mesmo padrão, mas sofreu uma grande pressão editorial no seu fim, e o mangá se perdeu totalmente entre as batalhas e o humor, e teve um final prematuro sem o desenvolvimento de um arco que caberia tranquilamente.
Shakunetsu tem um universo gigantesco e dezenas de mistérios que vão surgindo conforme as sagas avançam. A escala de poder ainda é um grande mistério, visto que as batalhas ainda estão começando. Se seguir o padrão de Beel, os inimigos se confundirão rapidamente como aliados, e Tamura já demonstrou com alguns personagens que talvez seja isso o que aconteça.
Tamura tem um grande desafio, visto que é um veterano, e Shakunetsu apesar de divertido, parece ainda não se encaixar na revista. Além da baixa vendagem, ele não segue muito bem nas TOCs, que acabam sendo um termômetro para uma série duradoura ou não. Uma coisa boa da série é o carisma empregado em seus personagens, o que é importante para os GAGs no geral, e pode render bons frutos, mas precisa de ações urgentes do autor para prender melhor o leitor e também definir de vez o ritmo do mangá, se ele será um GAG no meio da tabela, ou se haverá uma construção maior do universo para se transformar em um Battle Shonen.
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