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Quando a sociedade está doente - O atemporal Paranoia Agent

Quando se trata de autores japoneses, a maioria nós chamamos de sensei, outros de mestre e poucos, apenas aqueles dignos, de deuses. Satoshi Kon, apesar de sua pequena lista de obras e devido ao seu falecimento precoce, todos os seus trabalhos são considerados maravilhas da arte oriental.



Vamos falar da sua única série, a enigmática Paranoia Agent.



Satoshi Kon tinha uma parceria de sucesso com algumas empresas/pessoas em suas obras. Não foi diferente com Paranoia Agent, que foi feita pelo estudio MadHouse, tendo cenários feitos por Seishi Minakami, seu parceiro em Paprika. Tem também colaboração de Masaji Ando no designer de personagens e trilha sonora feita pelo sensacional Susumu Hirasawa, também de Paprika e conhecido pelas músicas Forces de Berserk/1997 e Ash Crow, também de Berserk/2016.

Paranoia Agent foi exibido em 2004 entre os meses de fevereiro e maio, um período bem atípico, na emissora WOWOW.


"Uma série de ataques vem amedrontando as pessoas e o autor destes ataques é chamado de "Shounen Bat". Sua primeira vítima é uma tímida e jovem design chamada Tsukiko Sagi. Dois detetives estão determinados a encontrar o responsável e assim impedir novos ataques, mas isso não é tão fácil quanto parece e eles encontram uma série de dificuldades e peculiaridades no caso."

A sinopse no caso de Paranoia Agent é daquelas que não vale nem a pena descrever uma nova, pois ela pouco altera o real objetivo da série.


Esqueça o Shounen Bat, a Tsukiko Sagi, os dois policiais e todos os ótimos personagens. O foco da obra são sentimentos e o mal que os traumas fazem na sociedade moderna. Vemos a inveja, o fracasso social, pressão profissional, o disturbo de personalidade e todos os sentimentos que fazem o ser humano ruim, em querer o mal de si mesmo e de outras pessoas.


A jornada de Paranoia Agent é mostrar os problemas que a modernidade da civilização humana nos trás. Que mesmo com toda a tecnologia que estava chegando (estamos falando no inicio dos anos 2000, onde o celular ainda não tinha se popularizado e os smartphones eram apenas "projetos"),  as pessoas estavam cada vez mais isoladas e solitárias.

Satoshi Kon descreve todos esses problemas numa narrativa enigmática, que te prende do primeiro ao ultimo episódio, fazendo voce refletir sobre o que esses traumas estão tirando de você e da humanidade. Tudo isso com uma animação sombria e uma trilha sonora "bizarra", mas maravilhosa. 


Sua abertura e encerramento são totalmente atormentadores, aumentando a expectativa para o próximo episódio.

Paranoia Agent é uma animação para poucos. Não há batalhas, mas muita luta, numa história narrada no melhor estilo Satoshi Kon, com muito suspense, pânico e reflexões que são validas até os dias de hoje.



Se não tiver nada o que assistir, dê uma chance a Paranoia Agent. Tenho certeza de não irão se arrepender.

Nota; 8,5/10

Até mais!

Fabio Caparroz

Fabio Caparroz

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