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MBReview: GYO, quando o feitiço vira contra o feiticeiro

Junji Ito é um dos monstros lendários quando se trata de mangás. Em horror ele é um dos melhores, sendo referência do gênero e adorado por uma legião de fãs.

Particularmente, não gosto do gênero que Junji Ito é mestre, mas topei ler um dos lançamentos dele aqui no Brasil. Não falaremos de Tomie, não agora, mas sim de GYO.

Lançado em 2001, na revista Big Comic Spirit, publicação famosa com obras como Jagaan, Crying Freeman e I am a Hero, da editora Shogakukan, GYO tem 18 capítulos divididos em 2 volumes. Em 2021, a editora Devir Brasil lançou sua edição nacional compilando os dois volumes originais em um volume único, pelo seu selo de mangás cult, Tsuru.

Lembrando que GYO também ganhou uma adaptação em OVA, em 2012, pelo mesmo diretor de animação de Shingeki no Kyojin.


"Tadashi e Kaori vão passar férias em Okinawa, uma ilha ao sul do Japão. Depois de um mergulho no mar, eles começam a sentir um cheiro estranho. O forte cheiro de morte vai aos poucos tomando conta da ilha e antes que o casal possa identificar sua origem eles avistam um peixe em terra firme... um peixe apodrecido com pernas mecânicas. Segure a respiração até que tudo seja revelado."

Confesso que nunca tinha lido nada do Junji Ito antes, mas como um bom leitor, conhecia obras como Uzumaki, Tomie e até mesmo o próprio Gyo. Isso por que não gosto de horror, nem filmes e nem literatura, e me surpreendi positivamente com a obra.

Um dos pontos que mais me surpreendeu com Gyo foi o tom de narrativa. Me senti literalmente num filme, tudo num ritmo alucinante com quebras e plot-twits coerentes, tornando a leitura objetiva e agradável. Me impressionou demais a velocidade do que tudo ocorre em Gyo.

        A arte é algo que me surpreendeu positivamente também, os detalhes de fundo e de personagens. Os peixes e animais marinhos são de um realismo surpreendente. Os detalhes pensados, materializando os cheiros dos peixes, é outro detalhe que me impressionou bastante, o que me faz entender o porquê de Junji Ito ser um verdadeiro mestre.
 

 

        A história em si, ao meu ver, é  uma aula de subjetividade. A crítica colocada em Gyo é surpreendente válida, não é uma história de horror sem coerência. Há um motivo empregado na existência dos peixes com pernas e seu fedor insuportável. Falando do fedor, a sensação que o mangaká passa o tempo inteiro é o verdadeiro horror, vai te sufocando aos poucos, criando uma atmosfera de rejeição absurda à tudo que se passa. 

        Aqui se faz, aqui se paga - se for definir a ideia de Gyo, é perfeitamente encaixada nesta frase.


        Os personagens são um outro ponto de observação a ser colocado. Você acaba pegando empatia e até desprezo por cada um deles, e a "maldade" com que o autor pune cada personagem é bizarramente prazeroso.

        A parte gore/horror é bizarra, muitas vezes de mal gosto, mas combina perfeitamente com a atmosfera criada pelo autor. Talvez por não curtir o gênero seja o maior ponto de meu descontentamento.

        Lembrando que o mangaká nos deixa com duas pequenas histórias, uma maravilhosa e outra totalmente nonsense, o que me faz questionar se o horror japonês é bom ou bizarro...

    A minha experiência com Gyo foi surpreendente boa, pensei que pegaria um "nojo" da obra, pelo contrário, achei empolgante - porém bizarra. Entendo perfeitamente a euforia dos fãs do gênero e super recomendo a obra. Não sei se pego mais coisas do Ito pra ler, mas levarei em consideração no futuro. 

Até a próxima.

Nota: 9/10

Ficha técnica

Título original: Gyo Ugomeku Bukimi (ギョ うごめく不気味) Volumes 1 e 2 

Editora Original: Shogakukan 

Editora Nacional: Devir (Tsuru)

Roteiro e desenhos: Junji Ito 

Tradução: Arnaldo Oka

Formato: 17 x 24 cm Lombada: 2,4 cm Estrutura: 408 páginas PB

Acabamento: Brochura com sobrecapa 

Preço: R$78,00

Onde comprar: Amazon






Mangás Brasil

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