A Panini mais uma vez, gentilmente nos cedeu uma cópia do mangá Pokémon Ruby & Sapphire para resenha, feito pelo nosso parceiro Flavio Haag do blog Itadakimasu.
Antes de mais nada, quero agradecer a Panini, esse volume foi enviado por eles para que eu possa escrever essa resenha em parceria com o pessoal da Mangás Brasil.
Mas, já vou adiantar, não pensem que só por ter recebido o volume de presente eu irei pegar leve. Não, R&S tem problemas demais para passar a mão na editora.
Então sem mais delongas, vamos para a obra.
Pokémon: Ruby & Sapphire
é a quinta fase da franquia a desembarcar nas terras tupiniquins e tem
ao todo 8 encadernados. Na ordem cronológica oficial de Pokémon
Adventures, essa é na verdade a quarta fase e corresponde aos volumes 15
até 22.
“Depois da aventura de Gold, Silver,
Crystal e os pokémon lendários, começa agora a saga de Ruby e Sapphire,
em um outro continente, com pokémon totalmente novos…!! Eles vão se unir
para enfrentar uma ameaça sem precedentes!!“
Bom, antes de atacar a editora, vamos começar a falar um pouco da boa história que o mangá nos entrega.
Como a curta sinopse diz,
Ruby&Sapphire não é uma continuação. Essa é a primeira saga que é
realmente independente (ok, no Brasil já tivemos B&W, mas estou
falando cronologicamente).
Como assim independente? Quem leu as
anteriores sabe que Yellow e Gold&Silver são continuações diretas da
aventura do Red contra a Equipe Rocket, as consequências da primeira
história foram impactando até o final de G&S, com os personagens
indo e voltando entre as obras.
Isso acabou. Aqui é tudo novo, esqueçam Red, Yellow e Gold. “Ah Haag, mas eles estão na capa“, sim, pura cagada da Panini que irei explicar mais para a frente.
A história aqui já começa nos dando uma
ideia de que não apenas estamos no mesmo local das histórias anteriores,
como também não estamos na mesma época. Essa é uma boa forma de mostrar
que reiniciou de verdade. Temos uma nova equipe de vilões, não é mais a
Rocket e os personagens antigos não são citados.
Outra coisa que me agradou muito foi a
fidelidade ao jogo, pois isso faltou nas primeiras séries e aqui está
seguindo. Tirando algumas pequenas mudanças no plot dos personagens, a
base é a mesma do game: Ruby veio de outro lugar e se mudou para Hoenn
(inclusive, ambos começam dentro do caminhão), ele conhece Sapphire que é
filha do professor e eles viram “rivais” de certo modo, o pai de Ruby é
líder de ginásio na primeira cidade. Tem as sidequests de ajudar o
garoto doente acontece no mangá e do roubo ao presidente da Devon. Até
mesmo as frutas para colher na estrada aparecem.
Então em seu roteiro base, tanto o mangá quanto o game possuem a mesma trama e caminho.
Ocorreram algumas pequenas mudanças que
na minha opinião serviram para “aprofundar” a história e deixar ela mais
rica, o que eu gostei muito.
No mangá o Ruby é um personagem bem mais
trabalhado. Aqui ele odeia o pai, pois considera que ele abandonou a
família para virar líder de ginásio, então eles não se falam. Outro
ponto muito interessante é que ele não quer ser um “batalhador de
Pokemon”. Essa geração de Hoenn marcou a primeira grande mudança em
Pokémon, pois foi a primeira a mostrar uma nova forma de ser treinador
sem ser a batalha, já que nela temos os concursos em que ao invés da
força, vemos o duelo por beleza e qualidades do Pokémon.
No caso do mangá, isso foi usado
justamente no protagonista que não quer seguir os passos do pai e usar
seus Pokémon em lutas, a meta dele é ser o maior vencedor de concursos.
E aqui já entra a Sapphire, pois ela é o
extremo oposto. Ela é quase selvagem, ela acredita na força, ela é quem
quer ganhar todas as insígnias. Tanto que um acha a ideia do outro
idiota e criam um desafio, eles tem 80 dias para se tornar o melhor em
sua área. Ela vencendo ginásios e ele concursos.
Isso me traz dois pontos importantes de comentar.
O primeiro é que finalmente os ginásios
viraram uma meta. Para ser o melhor treinador, eu tenho que vencer o
ginásio. Não tem plano secreto nem poderes especiais das insígnias, não,
elas apenas são o prêmio por ter derrotado um líder. Igual ao jogo.
O segundo ponto é a quebra da expectativa
e uma certa “representatividade” que eu acho importante em obras
infantis. Aqui em R&S nós vemos o herói que não quer lutar (mas que
já deixou bem claro que sabe lutar) e que prefere quebrar o padrão da
sociedade, mas também vemos a heroína que faz o oposto, que é forte e
lutadora, que salva as pessoas, que pula em árvores, que luta em
ginásios. É uma inversão bem legal de ver, é o garoto que procura a
beleza e é a garota que gosta da luta. Sem esteriótipos.
Falando em história, Ruby & Sapphire me pegou, me deixou curioso. Tem muito potencial ali.
Agora, nem tudo são flores e nós precisamos falar sobre a falta de vergonha na cara da Panini em entregar algo tão porco.
E eu vou pegar pesado sim, agradeço ela
por enviar o material, mas eu não posso fazer de conta que não vi só
para continuar ganhando mais.
O preço de Ruby & Sapphire é de R$ 19,90.
Não parece nada absurdo se a gente pensar no atual preço do brite e eu
até relevo isso um pouco no resto da coleção, mas repito, NO RESTO DA COLEÇÃO.
Não nesse primeiro volume, é uma falta de
respeito esse primeiro volume custar R$ 19,90. Ele tem 144 páginas.
Isso mesmo, apenas 144 páginas. Ele é uma edição meio-tanko.
“Mas Haag, como isso aconteceu?”
Como vocês sabem, no Japão a série é uma coisa só, é apenas Pokémon
Adventure. Ela não tem divisões, tudo é inteiro, esse volume é na
verdade o 15 da coleção original. E sabem o que está também nesse volume
15? Sim, os últimos 5 ou 6 capítulos de Gold & Silver. Entenderam
agora porque todos os protagonistas estão nessa capa? Porque
originalmente o final de G&S estava nesse volume.
Não sei se vocês notaram, mas o último
volume de G&S é mais grosso que o normal. O motivo é esse, a Panini
pegou os capítulos finais e colocou dentro do 7º encadernado, ao invés
de fazer um 8º meio tanko. Foi uma ideia muito boa.
Ai pergunto: PORQUE NÃO FIZERAM O MESMO EM RUBY?
O que custava pegar essas 144 páginas e lançar junto com o segundo
volume da série? Se o preço teve que subir, porque não fazer então o
primeiro volume ser mais grosso juntando o restinho do 15 com todo o 16?
“Ah Haag, mas tem o precedente de Black & White”
Sim, eu sei que você pensou isso. Então vamos falar desse outro volume
fino. O meio-tanko de Black & White tem 96 páginas e custou R$ 6,90
na época em que o o resto da série foi R$ 11,90. Aqui tivemos um acerto,
optaram pelo volume mais fino e deram um preço compensando o menor
número de páginas, foi 5 reais mais barato.
Ruby & Sapphire recebeu um volume
mais fino com o mesmo preço da série. Não vou mentir, se esse primeiro
volume fosse R$ 12,90, talvez eu nem estivesse falando disso. Mas não R$
19,90! Quem foi o imbecil que achou isso normal?
E os erros da Panini não param nisso. Quem dera esse fosse o único problema.
A editora mudou todo o layout de capas e
lombadas. Olhem a foto das lombadas, a de Ruby não combina com nenhuma
outra da franquia. Ela não é igual nem as de Red/Yellow/Gold e nem mesmo
as de Black. Foi algo novo, alguém lá na Panini achou interessante que
depois de quatro séries e uns 5 anos, tudo fosse mudado.
Outro ponto que me incomodou foi na
tradução. O personagem Ruby fala inglês, ao longo do volume ele repetiu
diversas vezes palavras como “Beatiful” ou “Wonderful” e em nenhum
momento a Panini colocou uma tradução, uma nota de rodapé. Nem mesmo
aquele glossário ao final do volume.
“Aff Haag, mas qualquer um sabe o que significa”
Não meu amiguinho que vive numa bolha. Eu sei o que significa
Wonderful, você provavelmente sabe o que significa. Só que lembre de uma
coisa: eu tenho 30 anos e falo inglês, você provavelmente está na mesma
faixa etária que eu e deve ter a escolaridade bem próxima (se não for
igual).
Mas Pokémon não é um mangá para nós!!!
Entenda isso. Pokémon é um mangá para uma criança de 8/10 anos que
provavelmente viu o desenho na televisão e quer o gibi. É uma criança
que nem sabe o que significa mangá, sabe apenas que é do Pikachu. Essa
criança provavelmente não fala inglês, tenho quase certeza que ela não
sabe o que é Wonderful. Então faltou sim uma informação, faltou uma
simples nota de rodapé da editora dizendo a tradução. Aqui não é o Japão
onde as crianças aprendem outro idioma na escola de modo satisfatório.
São três exemplos de erros que para mim
não são mais aceitáveis. Chega Panini, começa a levar mais a sério o
trabalho de vocês, toda hora é algum erro ou algo esquecido.
Esse volume tem 144 páginas e custa R$
19,90. As lombadas e capas mudaram o padrão e o verdadeiro público alvo
terá dificuldade em ler. Então sim, eu considero isso um trabalho
horrível.
Bom, entre prós e contras, confesso que fiquei muito dividido sobre essa série.
A história é boa demais, prende e cativa. Mas a qualidade física é ruim e a revisão deixa a desejar para algo custando R$ 19,90.
Eu não sei mesmo, acho que Pokémon: Ruby & Sapphire é o tipo de obra que nos faz pensar se apenas uma boa história é suficiente para relevar um preço absurdo.
As vezes infelizmente penso que não. E vocês?
Agradecemos à Editora Panini pela cópia do mangá para essa resenha.
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